A produção é o coração da indústria e um dos temas com maior necessidade de controlo e gestão por parte das organizações.

Não há muito tempo fomos questionados sobre a melhor forma de garantir a rentabilidade do chão-de-fábrica.

Pela nossa experiência, e embora nem todos os Clientes nos façam esta pergunta de forma tão direta, a preocupação sobre o tema é transversal a todos os setores fabris com os quais trabalhamos.

Dúvidas como: de que forma posso aumentar a rentabilidade do meu chão-de-fábrica? Ou: estará o meu planeamento otimizado para dar resposta aos timings exigidos pelos meus Clientes? Ou ainda: será que a linha está a produzir com a cadência certa no sentido de não existirem paragens assim como evitar os picos e os turnos extra?

No sentido de responder às preocupações evidenciadas acima, na década de 1930, Kiichiro Toyoda, Taiichi Ohno, e outras figuras importantes da Toyota reinventaram os processos produtivos e definiram um conjunto de princípios que, a serem aplicados, prometem eliminar os desperdícios, reduzir custos, melhorar a qualidade do produto e aumentar a produtividade de qualquer organização produtiva (e de serviços).

Relembramos os 5 princípios dos quais uma organização industrial (e não só) se deve guiar, à luz do Lean Manufacturing:

 

VALOR: [Valueesclareça qual o valor que o seu Cliente reconhece nos seus produtos.

Os Clientes são a razão de viver de qualquer organização. São eles que ditam quais as características que os nossos produtos têm (ou deviam ter!) que mais lhes agradam.

É fundamental perceber qual o valor que os nossos Clientes reconhecem nos nossos produtos pois isso indicar-nos-á qual o valor que estão dispostos a pagar por ele.

Apenas desta forma conseguimos garantir que estamos a produzir o que os nossos Clientes querem, quando querem!

Exemplos de valor percecionado: preço, qualidade, prazo de entrega, atendimento prestado, características diferenciadoras, entre outros.

 

CADEIA DE VALOR [Value Stream]:  identifique a cadeia de valor certa para o seu produto, garantindo que cada uma das ações realizadas ao longo de todo o processo acrescenta valor ao seu produto

Como cadeia de valor entende-se todas as atividades que agregam valor ao produto, desde a entrada do pedido do Cliente até à expedição do produto acabado, para o seu destino.

As ações a realizar podem ser agrupadas em três tipos de atividades:

a) Atividades que geram valor

b) Atividades que não geram valor mas são necessárias

c) Atividades que não geram valor

Todas as atividades que pertençam ao ponto c) deverão ser eliminadas, enquanto as restantes deverão ser aperfeiçoadas e otimizadas de forma contínua. A título de exemplo, consideram-se atividades que não geram valor a stockagem acima dos valores mínimos, transporte desnecessário, movimentações em armazém/chão-de-fábrica desnecessárias, etc.

Existem ferramentas para a gestão dos desperdícios com vista à sua eliminação, que poderá utilizar para o apoiar à concretização deste objetivo, tais como 5S, SMED (Single Minute Exchange of Die), TPM (Total Productive Maintenance), VSM (Value Stream Mapping), PDCA (Plan-Do-Check-Act), Kainzen, entre outras.

 

FLUXO CONTÍNUO [Flow]:  garanta que o fluxo da produção é fluído e ininterrupto

Por vezes é necessário redesenhar, por completo, o chão-de-fábrica, outras apenas ajustar. Às vezes é necessário acabar com a distribuição própria, outras vezes otimizar. O importante é garantir que a linha de produção (e restantes etapas) tem um fluxo contínuo e que todos os intervenientes sabem o que é necessário fazer em cada fase do processo. A linha de produção deve estar sempre correta (sem erros), disponível, e com a capacidade ideal (evitando estrangulamentos e garantindo a qualidade do produto).

 

SISTEMA PULL [PULL]: produza o que o seu Cliente quer comprar e quando este o solicita.

Garantindo os pontos anteriores, a empresa consegue produzir, em cada momento, aquilo que os seus Clientes estão a pedir, sem necessidade de entupir a linha com pedidos de última hora ou possuir grandes quantidades de stock, e não aquilo que se acha que o Cliente quer. O planeamento funciona, os picos desaparecem e, com isso, os custos reduzem e a qualidade do produto aumenta.
Esta etapa do processo permite a aplicação do conceito de gestão de stocks just in time.
Um exemplo elucidativo desta etapa é considerar, numa empresa de produção de metalomecânica, que a fase de corte apenas produz a quantidade necessária para a realização da fase seguinte (ao invés de produzir o que conseguir e stockar para ser utilizado mais tarde).

 

PERFEIÇÃO [Perfection]: melhore constantemente o seu processo produtivo, revisitando cada um dos pontos anteriores, de forma contínua.

Este princípio existe para garantir a qualidade do produto e dos processos. Devem ser eliminadas repetições de trabalho, apostar-se na formação dos colaboradores, distribuir instruções de qualidade, definir padrões e critérios de qualidade e acompanhar todo o processo.
Desta forma, é possível reduzir custos, aumentar a produtividade, melhorar os prazos de entrega e fidelizar o Cliente!